E foi também neste momento que a agricultura se virou para as culturas energéticas, explorando aquelas até aqui conhecidas e procurando cada vez mais alternativas, para a produção de biocombutíveis que viessem aos poucos substituir os combustíveis fósseis no sector dos transportes, um dos grandes responsáveis pela emissão de GEEs.
O bioetanol é obtido a partir da fermentação de 3 tipos de produtos:
- Açúcares: cana-de-açúcar, beterraba sacarina, sorgo sacarino;
- Amido: cereais como o milho, batata, batata-doce, mandioca e resíduos agroindustriais;
- Celulose e hemicelulose: resíduos agrícolas e florestais.
A fermentação ocorre através da conversão anaeróbia de compostos orgânicos (açúcares, amidos e celuloses) através da acção de microorganismos, em grande parte dos casos, da levedura Saccharomyces cereviseae.

O Brasil é mundialmente reconhecido por ter sido pioneiro na introdução do bioetanol na sua matriz energética e hoje procura maximizar o potencial energético que a cana-de-açúcar contém, através da produção de açúcar e bioetanol mas também procurando aplicações para os resíduos desta indústria.
O processo de colonização e origem histórica, o latifúndio, a escravidão e a injustiça social imprimiram à cana-de-açúcar uma imagem negativa que perdurou por muitas décadas. A monocultura aliada à reduzida consciência ecológica em todas as actividades agrícolas e industriais modificou as relações dos brasileiros com o ambiente e causou problemas ambientais, com sensível queda da qualidade da água, do solo e do ar.
A cana-de-açúcar foi vista durante vários anos uma actividade extremamente empobrecedora do solo, poluidora do ar e água, causadora de grande impacto ambiental. Desta forma, os principais aspectos ambientais envolvidos no sistema produtivo da cana são: desmatação, erosão, assoreamento, escoamento de águas superficiais, compactação, poluição da água do solo, através de agentes químicos (fertilizantes, adubos, pesticidas), circulação de partículas e gases das queimadas ou biocidas, além de aspectos regionais decorrentes da monocultura, como empobrecimento da biodiversidade e sazonalidade do emprego, em função da mecanização das operações agrícolas.
Para além dos principais produtos obtidos a partir da cana-de-açúcar, o açúcar e álcool, o processamento desta matéria origina vários resíduos, alguns deles já considerados subprodutos devido à importância que ganharam ao lhes darem utilização.
São estes o bagaço da cana, o melaço, a torta de filtro, a vinhaça ou vinhoto, as cinzas das caldeiras, as águas usadas no processamento da matéria prima, a palha e as pontas da cana, que são usados quer na co-geração de energia, quer para a alimentação animal e na fertilização dos canaviais e, como já falei no último post, na produção de bioetanol de 2ª geração.

1 comments:
Cláudia
Parabéns pela sequência de posts sobre o tema que escolheu. Para além dos processo em si, referiu tanto os resíduos/subprodutos da própria cultura da cana-do-açucar que poderão ser utilizados para produzir etanol de 2ª geração e os resíduos que resultam da produção de etanol de 2ª geração. Excelente trabalho
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