Monday, April 19, 2010

A propósito de resíduos/subprodutos...

A pesquisa brasileira de etanol de 2ª geração conquistou uma articulação inédita. Restrita até há pouco tempo a experiências isoladas de empresas e de grupos de investigação, a obtenção de etanol extraído da celulose está a mobilizar um número crescente de investigadores, estimulados por políticas de pesquisa voltadas para a ampliação da produtividade de etanol de cana brasileiro. O objectivo é aproveitar o bagaço e a palha da cana-de-açúcar, fontes de celulose que responsáveis por dois terços da energia da planta, mas não são convertidas em biocombustível.

Resíduos como aparas de madeira, bagaço de cana ou sabugo de milho são formados por celulose e podem transformar-se em biocombustível quando submetidos a reacções de hidrólise, um processo químico de quebra de moléculas. Uma grande vantagem desta abordagem seria reduzir a competição entre biocombustíveis e alimentos, produzindo, no caso do aproveitamento do bagaço, mais etanol por área plantada. Outra quimera é a diminuição dos custos de produção de etanol – nos Estados Unidos, o etanol extraído do milho é fortemente subsidiado, ao contrário do etanol brasileiro.

O interesse brasileiro pelo etanol de celulose tem um pano de fundo diferente. Tornar ainda mais competitivo o etanol, ampliando a sua produção sem necessidade aumentar, na mesma proporção, a área plantada de cana-de-açúcar. Estudos conduzidos no âmbito do Projecto Bioetanol, uma rede de investigação financiada pelo governo federal, apontam que uma unidade de produção que produz hoje 1 milhão de litros de etanol por dia, a partir do caldo da cana, poderia inicialmente, com a tecnologia de hidrólise, gerar mais 150 mil litros de etanol extraído do bagaço. Em 2025, com a técnica aperfeiçoada, a mesma produção poderia ter um acréscimo de 400 mil litros provenientes do bagaço recuperado. A palha da cana é outra fonte potencial para a extracção de etanol pois com o abandono da prática das queimadas, tende cada vez mais a ser utilizada como fonte de celulose.

Do ponto de vista tecnológico, há várias rotas de hidrólise testadas, mas com rendimentos e investimentos que não viabilizam economicamente a operação. Mas muito já está ser feito por diversos centros de investigação, universidades, governo e privado.

Mais em http://revistapesquisa.fapesp.br

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